Aprendendo a ensinar Yoga – Montando sequências
Neste último final de semana, tive duas manhãs com uma turma que está no sétimo módulo de um curso de formação de professores de 22 finais de semana. A grande maioria ainda não dá aulas porém pratica há um certo tempo, portanto seu repertório de ásanas e técnicas já é relativamente vasto. Alguns nomes de ásanas não foram gravados, outros sim. Afinal, como eu disse para eles, nome de ásana se aprende pelo amor ou pela dor. 😛
Iniciamos por uma prática corporal leve, sem posturas de yoga, cujo objetivo era reconhecer o contato das partes do corpo com o chão e a possibilidade de dar mais suporte destas partes com o chão e depois a partir de movimentos leves (Feldenkrais) iniciar a percepção corporal no movimento. Partimos para outro elemento que quebra fortemente a zona de conforto das aulas deles que são os rolamentos e a cara de estranheza se tornou comum, até que a cara de quem estava se divertindo começou a aparecer.
Partimos para reconhecer as formas de desenvolvimento de uma aula, fosse um objetivo de equilíbrio, se utilizando das principais classes de posturas (sentado, deitado, em pé, equilíbrio, torções, invertidas), um objetivo de dar um estímulo, seja ele de tranquilizar ou estimular o praticante ou mesmo se atingir uma postura mais complexa ou uma mudança corporal significativa no praticante.
Optei desta vez por selecionar uma postura complexa a ser atingida com segurança e sem agressividade onde a turma deveria preencher o espaço antes e depois teste ásana, com o processo necessário para atingí-lo e depois o processo após que levaria ao shavásana ou ao final da aula. Após passarmos bastante tempo discutindo cada postura, sua ordem e a quantidade de posturas necessário, a prática escolhida por todos seria feita.
Logo no início da prática percebi que o grupo já ficou um pouco insatisfeito com algumas escolhas, mas optei seguir em frente, já que a escolha foi realizada por eles e era necessário perceber os efeitos daquelas escolhas. A prática terminou no final do horário, então deixei para dizer algo no dia seguinte.
No dia seguinte, começamos novamente com a percepção do chão, domovimento e da respiração. Neste segundo dia, decidi agregar mais complexidade aos movimentos pois a cara de estranheza já não estava mais aparecendo ali e a abertura para novos repertórios podia surgir. Discutimos bastante sobre a prática do dia anterior e realmente havia uma insatisfação no volume da sequência e na ordem das posturas. Dividi a turma em grupos para criar uma nova sequência da forma com que acreditavam ser necessária desta vez após terem praticado.
Prevendo a dificuldade no repertório de asanas, principalmente relacionado aos nomes de cada uma das
posturas, fiz um baralho na semana anterior com 42 posturas e distribui um conjunto para cada um dos grupos e dei, ao longo da manhã mais 3 propostas de aula: uma de “postura alvo” e duas de estados psicobiológicos para serem discutidos, analizados e suas aulas elaboradas. Cada grupo fez sequências completamente diferentes, o que foi bastante produtivo pois ao final podiam analizar a sequencia do grupo vizinho e fotografar o conjunto, aumentando o repertório de sequências de cada um.
Em uma próxima aula, quando estiverem com seus repertórios mais aguçados, seria importante treinar suas vozes de comando como professores, pensando juntos as melhores formas de se fazer entendido como professores nos diferentes níveis de praticantes e grupos.