Rolfing: técnicas e método
Colaboração e revisão de Hulda Bretones, Rolfista Avancada Estrutural e de Movimento, professora da Associação Brasileira de Rolfing
Rolfing é a filosofia, a ciência e a arte de integrar a estrutura do corpo humano no espaço/tempo e na gravidade, através da manipulação miofascial e educação do movimento.” Jeff Maitland & Jan Sultan
“A linha não é uma coisa. É uma relação.” Ida Rolf
Nos últimos anos, dezenas de técnicas de manipulação e estimulo miofascial foram criadas e redescobertas. Diversas técnicas de se “enxergar” as fáscias foram criadas e nos permitem verificar a eficácia dessas técnicas, onde, algumas são novas e outras têm milhares de anos, como a acupuntura e a moxabustão.
Novos estudos, principalmente os de Helene Langevin, estão descobrindo que os meridianos utilizados na medicina oriental são na verdade intersecções misofasciais que, quando estimuladas, recrutam toda uma rede estrutural e a modifica, reestruturando o corpo e seus processos físicos e energéticos através da grande rede estrutural a qual modernamente chamamos de fáscia.
Vários outros métodos e técnicas estão se beneficiando do sucesso da descoberta da fáscia que Ida Rolf falava a mais de 60 anos e, logicamente o sucesso do trabalho de nós Rolfistas se transfere para diversos outros meios onde, por conta disso, alguns de nós acreditam estarem perdendo mercado devido à fáscia estar virando “carne de vaca”.
Acho que alguns de nós possam estar esquecendo que não temos uma técnica, temos um método e esse método está em enxergar as relações das estruturas entre si e com o espaço e a gravidade. Como dizia Dra. Rolf, é a gravidade o terapeuta. Somos integradores estruturais, lidamos com o modo que as partes se integram com o todo e com o espaço e fazemos, junto com o cliente, um processo para que este sistema se torne cada vez mais proximo de um “tornando seres humanos mais eficientes e mais coerentes com seu propósito”.
Dra. Ida já sabia que não tinha uma técnica nas mãos, sabemos que nossas técnicas advém em sua maioria de osteopatia e os movimentos do Yoga. O que temos nas mãos é nosso modo diferenciado de “ver” e essa forma de “enxergar” nos toma muito tempo de formação, de dúvidas, de novos conceitos, de corporalização, para que consigamos trabalhar dentro dos princípios que regem o Rolfing, que são ao mesmo tempo tão simples e tão complexos.
Nosso trabalho não é regido por técnicas de manipulação dos tecidos ou de exercícios de coordenação, ensinar técnicas é muito mais fácil do que ensinar conceitos e princípios. Integração estrutural é muito mais do que tocar no lugar “certo”, é ter clareza de onde se quer chegar, com objetivos claros, que afetem o ser humano em todos os seus campos, provavelmente por isso o movimento é tão importante no trabalho, para a geração de significado.
Esta geração do significado acontece quando internalizamos uma nova informação, ou seja, é o aprendizado real de algo que pode ser aplicado em outros contextos através do que aprendemos. Como faz partte do nosso trabalho criar novos significados no contexto corporal e do movimento, o Rolfing, como Dra. Ida dizia, é um sistema de educação.
Pensamos no todo (holismo), em todas as direções capazes de serem desempenhadas e suas relações (palitoniocidade), na capacidade do sistema se sustentar por conta própria (suporte), na disponibilidade do sistema de poder se modificar naquele momento (adaptabilidade) e temos de saber encerrar um processo e uma história em sua melhor hora (fechamento).
“O Rolfista é o capitão do barco levando o cliente rio abaixo. No final você se despede dele (levando-o de novo à terra Flrme)”. (I.P.R.)