Yamas, Niyamas e os passos do Yoga
Por acreditar que este texto explicativo é o melhor que conheço sobre o assunto, coloco aqui inteiramente a publicação do Professor Osnir Cugenotta. Mais conteúdos escritor por ele pode ser acessado em: www.yogamarga.com.br
A codificação do Yoga
YAMA ou como o Yogī deve se relacionar com o mundo, e se divide em;
1 Ahimsā : Não violência
2 Satya: Não mentir
3 Asteya: Não roubar
4 Brahmacarya: Contenção de energia
5 Aparigraha: Não acumular desnecessariamente
Quando plenamente conquistados cada Yama confere ao Yogī determinados poderes. Quando Ahimsā é perfeitamente dominado produz a total suspensão de qualquer violência ou inimizade. Satya torna real tudo o que se diz. Asteya traz sem esforços, tesouros de todas as espécies. Brahmacarya confere força e vigor e Aparigraha permite o conhecimento sobre suas existências passadas e seu nascimento futuro.
NIYAMA ou como o Yogī deve se comportar consigo mesmo e divide-se em;
1 Śauca: Pureza , limpeza
2 Santoṣa: Contentamento
3 Tapas: Disciplina
4 Swādhyāya : Estudo de si mesmo
5 Īśwarapranidhāna: Auto entrega
YAMA e NIYAMA juntos constituem o código de conduta do Yogī, enquanto Yama harmoniza os relacionamentos sociais do Yogī e purifica sua mente, Niyama prepara o Yogī para o seu relacionamento com a realidade maior.
Āsana: Posições Psíco – Físicas
Prānāyāma: Expansão da energia vital através da respiração
Pratyāhāra: Introspecção dos sentidos
Dhāranā: Concentração
Dhyāna: Meditação
Samādhi: Iluminação
O aṣtānga yoga de Patañjali e a pratica dos āsanas
Patañjali é considerado por muitos como o “Pai” do yoga.
Ele organizou todo o conteúdo existente dentro dos Yoga Upaniṣades dando a estes uma estrutura bem definida que veio a ser conhecida como “Aṣtānga Yoga”.
Aṣta em sânscrito quer dizer oito e anga quer dizer partes ou membros.
Sua obra foi denominada “Yoga Sūtras” e este é considerado um dos textos mais importantes sobre o Yoga.
Das oito partes do yoga, com exceção do Samādhi que é a meta final de um Yogī, yamas e Niyamas é geralmente excluído das praticas (por se tratar de aspectos mais filosóficos).
Muitos ignoram estes dois aspectos importantíssimos que fundamentam a vida de um Yogī dando mais ênfase aos aspectos seguintes mencionados por Patañjali como os āsanas, prānāyāma etc.
Se estes aspectos não fossem tão importantes, Patañjali não os teria colocado em primeiro lugar dentro de sua estrutura.
Muitos os conhecem mais não sabem como coloca-los na sua pratica diária nem no seu dia a dia, e como diz meu Gurujī, ”todo conhecimento é emprestado, só o saber é seu”.
Então se conhecemos os yamas e Niyamas mais não os colocamos em nossa pratica diária e em nosso dia a dia, o conhecimento jamais será transformado em sabedoria e tais preceitos nunca irão transformas nossas vidas!
Como incorporar Yamas e Niyamas na pratica dos āsanas.
Embora todos os Yamas e Niyamas devam ser colocados dentro da pratica dos āsanas para que possamos cada vez mais incorporá-los no nosso dia-dia, existe um tripé que fundamenta nossa pratica de āsanas; são eles: Ahimsā, Asteya e Swādhyāya que serão explicados em seguida.
O primeiro Yama é “Ahimsā” ou a não violência, ou seja, nunca devemos ir além do limite que nosso corpo permite no atual momento, pois podemos nos machucar.
Porém se observamos Ahimsā sem a presença de Asteya, ou seja, não roubar, podemos e geralmente ficamos muito aquém de onde poderíamos ir.
E aqui é que entra a terceira peça do tripé que é composta de um Niyama, “Swādhyāya” ou o estudo de si mesmo.
Sem este ultimo princípio os demais não podem ser praticados, pois é ele que mantém durante toda a pratica o nosso foco de atenção entre onde estamos e onde devemos chegar.
Outro Yama importantíssimo e Satya ou verdade, devemos ser honestos com nós mesmos e irmos até onde nosso corpo nos permite, pois muitas vezes nosso “ego” nos faz dar uma roubadinha e perdemos todo o alinhamento do āsana só para irmos um pouquinho além do nosso limite no momento presente.
Isto se dá, pois geralmente estamos nos comparado com os outros em virtude da nossa mente competitiva e tal mente é incompatível com a filosofia Yogī, por tanto se agirmos assim estamos praticando “egoga” e não yoga.
Brahmacarya é o principio de não desperdiçar nossa energia desnecessariamente, isto se consegue respirando de forma correta durante a execução dos āsanas, pois quando prendemos a respiração ou respiramos de forma irregular nos cansamos mais rápido e consequentemente gastamos nossa energia desnecessariamente.
O ultimo dos Yamas é Aparigraha que significa “não acumular desnecessariamente”. Por esta razão diz B.K.S Iyengar, ”sou sempre um iniciante, pois nunca trago a minha pratica de ontem para a pratica de hoje”.
Todas as vezes que comparamos algo matamos o presente, não permitindo assim que o que esta sendo vivenciado no momento presente seja o que realmente é, pois nossa mente fica presa a as experiências anteriores, comparando e matando assim o momento presente.
Devemos apenas usar nossa memória nos lembrando de onde paramos em nossa pratica anterior e assim seguirmos em frente a partir deste ponto sem comparações que não passam de um acumulo desnecessário de pensamentos inúteis em nossa mente.
O primeiro Niyama é Śauca, ou pureza que é desenvolvida aquecendo o corpo no fogo do yoga, por isso Gheranda no Gheranda Samhitā declara: ”aqueça seu corpo no fogo do yoga a fim de fortifica-lo e purifica-lo”.
Outro aspecto importante sobre Śauca é que quando pressionamos um ou mais órgãos durante a execução de um āsana diminuímos a quantidade de sangue neste órgão e quando desfazemos o āsana a quantidade de sangue aumenta inundando e banhando este órgão com sangue novo tornando-o puro e limpo.
Santoṣa ou contentamento é desenvolvido entendendo o estagio em que seu corpo se encontra neste exato momento, se hoje ele só lhe permite ir até um determinado ponto, sinta-se contente por isso, isto não significa cultivar uma atitude acomodada e conformista e sim ter a compreensão de que a repetição o conduzira a sua meta desejada na hora certa, como diz o ditado “a pratica conduz à perfeição”.
Tapas que geralmente é traduzido por austeridade deriva da raiz verbal “Tap” que quer dizer queimar, aquecer, brilhar etc… e também é conquistada como Śauca aquecendo o corpo no calor do Yoga.
Swādhyāya por fazer parte do tripé que fundamenta nossa pratica já foi explicado anteriormente.
O ultimo dos Niyama é Īśwarapranidhāna ou a auto entrega que é desenvolvida assumindo uma postura de entrega em relação ao āsana, principalmente quando este não nos é confortável tendemos a resistir ao āsana tencionando nosso corpo perturbando nossa respiração e com isso aumentando ainda mais o desconforto durante a nossa permanência.
Os estágios seguintes se desenvolvem da seguinte forma durante a prática dos āsanas.
Prānāyāma ou a extensão e o domínio do Prāna é desenvolvido cultivando durante toda a prática uma respiração consciente o que amplia a capacidade pulmonar possibilitando assim a prática dos prānāyāma propriamente ditos.
Pratyāhāra ou introspecção dos sentidos é desenvolvida observando o alinhamento, a respiração e as ações internas, o que leva ao estagio seguinte que é Dhāranā ou concentração.
Uma mente concentrada e focada no momento presente da origem a Dhyāna ou meditação e o conjunto de todos estes aspectos conduz o Yogī a sua meta final, o Samādhi ou o estado de supraconsciência ou iluminação da consciência.