Yoga, echarpe azul e a iluminação
Certo dia recebi em minha caixa o email de uma colega, professora de hatha yoga, falando sobre seus conflitos de sentir o Yoga como sua filosofia de vida mas não se identificar com o esteriótipo do Yogi que veste roupas “hippies”. Sentia-se observada e julgada em sua pequena cidade, em Minas Gerais, por vestir-se com certa elegância quando, segundo observações de prodígios filosóficos (eu suponho), deveria trajar roupas mais… hummm… condizentes com o Yoga.
Será que nossos amigos observadores tinham em mente uma túnica laranja ou camisetas de Shiva para a moça?
Certa vez, quando dava aulas numa escola “COOL” aqui de SP, onde os alunos pagam R$400,00/mês para praticar, fui chamada de professora “modelete” por duas alunas. Como se alguma delas tivesse feito voto de pobreza e feiura para estarem ali…
Honestamente minha colega de Minas Gerais, também não me identifico com o jeito “roupa mole”, nem certas “falas mansas” carregadas de hipocrisia tão comuns em qualquer prática espiritualista.
Mas será que é a escolha da roupa que determina a iluminação do ser?
A Iluminação é a presença irrefutável do Absoluto, o sentimento de Amor e Plenitude que está além das aparências, das diferenças, das escolhas fugazes da vida mundana.
Numero 1: O que trai a humanidade e nos coloca no turbilhão de agonia não é aquilo que temos, quando podemos ter, de maneira razoável e justa. Desta forma equilibrada, a matéria está aqui para ser realizada, sentida e nos servir. O que nos trai é pensarmos que as “vontades” são nossos deuses e nossos “desejos” o que cultuamos. Se nos tornamos escravos disso (“eu serei muito infeliz se não tiver uma bolsa Prada ou uma BMW”), por desfrute ou expectativa, sofremos.
Como diria professor Hermógenes: “Aquilo que quando nos falta nos dá infelicidade é objeto de nossa identificação. Somos identificados ao que ansiosa e desastrosamente queremos conservar, cultivar, desenvolver…”
Numero 2: Sobre o que as pessoas esperam de um professor de yoga, ou de um espiritualista, isso é uma expectativa delas, não sua. Expectativas são expectativas, projetos, esteriótipos, que nada têm a ver com a Realidade que SOMOS. Acha que o Cosmos está preocupado se você colocou uma echarpe azul? Você ouvirá muitos julgamentos sobre ser vegetariana ou não, beber alcool ou não, falar palavrão, ir para a balada, vestir preto ou branco…todos eles completamente presos a visão DUAL que infelizmente a maioria das pessoas ainda têm, lotados de “CERTO E ERRADO”. Tudo muitíssimo fora da Realidade mais ampla.
Dalai Lama se hospeda no Hotel Grand HYATT. Sri Nisargadatta era fumante. Eckhart Tolle virou pop star na Oprah. E daí? Não deixaram de cumprir uma missão como mestres e orientadores espirituais ajudando a libertar milhares de pessoas deste contexto vil e adoecido dos julgamentos do ego.
Para nós, “aspirantes as iluminados” , cabe continuar no exercício de não julgamento, começando por nós mesmos, deixando tudo mais fluido na nossa vida e nosso coração.
Namaste!
Retirado do blog da prof Andrea Alves