Yoga na Prisão
Pratica de yoga em prisão na China
Um estudo divulgado no Journal of Psychiatric Research chamou mais uma vez a atenção para os benefícios da prática de yoga nas cadeias.
Realizado num presídio feminino em West Midlands, na Inglaterra, o estudo conduzido pelo Departamento de Psicologia e Psiquiatria Experimental da Universidade de Oxford ministrou aulas de yoga às detentas como maneira de investigar uma possível melhora no humor, estresse e comportamento. E os resultados foram positivos. “Observamos que o grupo praticante teve uma melhora significativa do humor, queda nos níveis de estresse e melhora nos níveis de impulsividade e atenção”, afirmaram a Dra Amy Bilderbeck e o Dr Miguel Farias, que lideraram a pesquisa. “A yoga é muito benéfica para as prisioneiras”.
O grupo que se constituía de mulheres de diferentes idades, praticou yoga 90 minutos por semana durante 10 meses. Responderam a um questionário antes e depois da experiência, que media humor, estresse, impulsividade, e bem estar mental. Um outro teste no computador media a impulsividade e atenção a estímulos visuais. O outro grupo que não praticou também respondeu aos testes e no mesmo período de tempo teve resultados bem inferiores nos níveis de desenvolvimento comportamental.
Há mais de 10 anos, o americano James Fox ensina técnicas de ioga e meditação para presos em cadeias dos EUA. Nesse tempo, ele conseguiu formar alguns professores de ioga e ajudou milhares a “mudar seu estado mental violento e compulsivo”. Com até 20 alunos por turma, as aulas agora têm lista de espera.
Ele fica na mesma sala que homens condenados por homicídio, estupro, tráfico de drogas e outros tipos de crime, e consegue manter silêncio absoluto por, pelo menos, uma hora e meia.
Fundador do Prison Yoga Project (Projeto Yoga na Prisão), Fox conta que começou a ensinar yoga há 12 anos numa instituição de recuperação de jovens infratores. “Eram jovens que tinham problema com a família ou com a lei e muitos deles tinham problemas psicológicos, tomavam remédios fortes. E foi lá que eu comecei. Eram 24 garotos de 12 a 18 anos. Ensinei por aproximadamente 6 anos. Um ano depois de ter começado esse programa, uma organização não governamental que fazia trabalhos para centros de detenção juvenis me chamou. Ensinei lá por alguns anos. Uma outra organização que fazia trabalhos na prisão estadual de San Quentin, na região da baía de São Francisco, estava montando um programa multidisciplinar de reabilitação para os prisioneiros e me chamou para instalar a parte de ioga e meditação do programa”.
Persistência e criatividade
O projeto exigiu persistência e criatividade para encontrar jeitos de atingir os jovens. Por exemplo, o uso música para ensinar técnicas de meditação. Com os homens de San Quentin o começo também foi difícil porque a yoga era considerada uma prática de mulheres ou “maricas”. Poucos alunos frequentavam as aulas. Com o tempo viram que a prática era séria e além de equilibrar a mente é um excelente exercício físico.
“Sabendo que a maioria das questões enfrentadas pelos detentos são relacionadas com vícios (ao menos 80%) e violência, a ioga é uma habilidade que pode ser usada para ajudá-los na recuperação. É uma prática que te ajuda a experimentar o autocontrole”, diz Fox. “Geralmente as pessoas olham para os presidiários como seres inferiores. E, de verdade, os presos são um reflexo da sociedade. Questões de vício e violência são comuns na sociedade, tenho certeza de que é similar no Brasil. Temos essa epidemia de vícios de várias substâncias e a violência, que nos desconecta completamente de quem nós somos. Acho que existem muitas oportunidades para estender a prática de yoga para outras instituições de reabilitação.”
James Fox também envia seu livro de meditação e yoga para presidiários para todas as cadeias do país quando solicitados. E ajuda os interessados em uma formação de profesosr de yoga a conseguirem uma bolsa quando saem da cadeia.
Em países orientais já é comum a prática de yoga em prisões, e no Brasil temos uma linda iniciativa do Dr Cesar Deveza, o Projeto Yam, que atua com yoga e ayurveda (medicina indiana) na Fundação Casa em SP(antiga FEBEM).
Iniciativas como esta podem transformar este grupo da nossa sociedade, um lado aparentemente obscuro de nós para o qual nos negamos a olhar!!
Retirado de: Andrea Alves